A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) NA ERA COVID

A pandemia COVID-19 é um evento comprovadamente devastador. As organizações enfrentam enormes desafios para sustentar os negócios e que vão desde a brutal mudança nos cenários comerciais até à alteração radical das condições de trabalho.

Se a adoção de formas ágeis de trabalhar sempre foi um dado adquirido na cons­trução de negócios bem-sucedidos, nesta era ganharam carácter de indispensabilidade. As or­ga­­ni­zações têm necessa­riamente de refazer os seus processos e comunicações de modo a serem capazes de apoiar equipas, parceiros e clientes de negócio dispersos apoiados em plataformas digitais. 

Tal (re)construção só é possível com a adoção de tecnologia adequada, que por si não nada vai resolver, pelo menos de forma sustentada. 

A (re)construção, exige a abordagem cuidada de diversas questões que só observadas em conjunto permitem a construção de verdadeiras soluções: questões que vão da estrutura, pessoas e cultura até ao processo de controlo e eficiência de comunicação, capacitação tecnológica e ciber-segurança.

Estamos afinal com esta (re)construção a tratar da transformação digital das organizações, a qual, em muitos casos, estava já em marcha. A pressão para a adoção das soluções inseridas na transformação digital registava já um aumento antes da crise, sobretudo à medida que estas soluções começaram a entregar excelentes retornos aos seus adotantes.

É o caso da Inteligência artificial (IA). Sendo uma tecnologia já em produção e com provas dadas, a crise COVID-19 veio aumentar o seu valor, num cenário complexo e em rápida evolução, com o objetivo de economizar dinheiro e eliminar, racionalizar e otimizar processos. 

A sua utilização tem demonstrado importância inigualável ao aportar condições para maior disponibilidade dos colaboradores para tarefas que requerem competências de pensamento criativo e crítico, libertando-os de tarefas repetitivas e mecanizáveis.

Sendo que a adoção a curto prazo desta tecnologia é já inevitável no suporte à competitividade e rentabilidade das organizações, gostava de colocar em reflexão três notas:

1. A IMPORTÂNCIA DE DESMISTIFICAR ESTE CONCEITO DE IA. 

Com artigos de imprensa muitas vezes a pensar nos usos e efeitos espetaculares (e por vezes irrealistas) da IA, é compreensível que muitas pessoas tenham reservas sobre a adoção desta tecnologia no seu local de trabalho.

Estima-se que menos de 5% dos empregos possam completamente automatizados, muito embora a IA e tecnologias relacionadas sejam capazes de mudar a natureza de muitas funções atuais, permitindo claros aumentos de eficiência, desde que corretamente implementadas. Para tal, é fundamental uma avaliação pragmática e realista dos processos e funções a automatizar. 

2. ENVOLVIMENTO DOS COLABORADORES

O cuidado no envolvimento dos colaboradores na implementação destas soluções, identificando o valor direto na adoção desta tecnologia nas suas funções e tarefas. Ao permitir que os colaboradores reconheçam esse valor, estamos definitivamente a transformar a IA de algo que “eles” (peritos técnicos) fazem a algo que “nós” (colaboradores)

fazemos.

3. ARQUITETURA APLICACIONAL

Já em termos de arquitetura aplicacional, as empresas mais avançadas estão a passar cada vez mais os seus processos automatizados para fora das arquiteturas de aplicações mais antigas. Por outras palavras, muito do que as aplicações empresariais ERP fazem hoje, será substituído por RPA e outros bots inteligentes, em ambientes mais flexíveis, ágeis e com menor custo.

Enquanto os fornecedores de ERP correm para automatizar as suas funções essencialmente transacionais, outros fornecedores têm uma abordagem bem diferente: identificar, recolher, validar e alavancar dados estruturados e não estruturados; combinar problemas, processos, dados e algoritmos de aprendizagem automática; alargar a abordagem ao maior número possível de processos conhecidos, novos e antecipados. Tudo isto fora dos limites e constrangimentos das aplicações ERP. Enquanto a “automatização” baseada no ERP se limitar à automatização de processos incorporados na própria aplicação, o mundo ERP ficará para trás face à transformação digital da próxima geração e à medida que se converte em automação digital.

AS ORGANIZAÇÕES QUE SE ADAPTAREM AOS ARQUÉTIPOS QUE ESTÃO A EMERGIR DESTA CRISE E CONTINUAREM A DERRUBAR PRESSUPOSTOS EM BUSCA DE NOVAS OPORTUNIDADES CERTAMENTE EMERGIRÃO COM MAIOR RESILIÊNCIA E COM MAIOR CAPACIDADE DE APROVEITAR OS DESAFIOS DE UMA NOVA REALIDADE.

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